segunda-feira, outubro 14

                                                  Tempo difícil, mas precioso 
O meu primeiro contato com a leitura foi com minha mãe. Morávamos na zona rural e a escola ficava distante de casa. Meus pais não podiam me levar todos os dias, e não tinha colega para irmos juntos. Então, minha mãe resolveu me ensinar a ler e escrever. Como não tinha livros em casa, ela usava os almanaques que meu pai recebia das farmácias para ler adivinhações, charadas, notícias, - trava-língua e palavras cruzadas para me ensinar a ler e escrever. Recordo que eu tentava ler as imagens criando uma história oralmente, e muitas das vezes minha mãe dizia que estava certa só para me animar e motivar na minha .                                Num belo dia, meus tios resolveram colocar meus primos na escola e eu tive a oportunidade de ir à escola também, pois já tinha companhia, Já que eu tinha apenas oito de anos idade e não poderia andar sozinha. Naquele tempo, não havia Educação Infantil, era a primeira série “forte” e “fraca”.  Lembro que tinha colegas que estudavam na mesma sala, e, eles já sabiam ler. E muitas das vezes eu não realizava a leitura por vergonha dos meus colegas. Minha professora Raquel me ensinava de um jeito muito especial, mas, como eu era muito tímida, sentia muito medo de errar; e, quando eu não conseguia, começava a chorar.  Ela sempre chamava minha mãe para conversar e minha mãe conversava muito comigo, me tranquilizando e mostrando que era eu capaz. Aos poucos, fui deixando aquele hábito e pude desenvolver melhor a leitura e a escrita.  Não me recordo muito bem se foi minha mãe ou minha professora que leu a história “A Forminha e a Neve”, mas sei que ela nunca saiu das minhas .       Sei que tive muitas dificuldades em aprender a ler e escrever. Mas agradeço a minha mãe por ter presenteado com um esse presente tão precioso e valoroso.
                                                                                                                        Vilma  P. Cardoso